sexta-feira, 13 de julho de 2018

show de horror

Uma estátua de cabelos longos e braços abertos se vira de costas pra mim. deus do sol, não me deixa aqui sozinha no frio e no molhado. eu bati e abri a cabeça no chão no teto da capela sistina; tocava mutantes e muita gente cantou quando o sangue fez uma poça ali mesmo. só que dentro da minha cabeça entraram uns líquidos exteriores, sabe como é? corridas de cavalos, açúcar demasiado, cabides vazios e maçãs de professores. quem é que agora vai querer martelar com meu crânio, de volta pra casa, de volta pra porra nenhuma. o buraco que sugou minha memória é infinito. a falta de anestesia cria buracos fundos. sentindo o cheiro de um centro empresarial, repleto de lojas, me recordo do seu cheiro. a mágica acabou com as frutas da cozinha. apodrecem do lado de fora.. talvez por causa dos olhares não retribuídos, dos ruídos nas mensagens, dos bichos atropelados em beiras de estrada, das alquimias abandonadas e dos abortos das missões. olhar ao redor ficou inútil. as células que me compõem despertam num novo som. vai ser show de horror na certa. não aguento mais esperar o sol se pôr, a onda bater ou você acordar. virei na bifurcação errada.

Um comentário:

  1. Adorei a surrealidade que também enxergo no cotidiano. na vida atual, o sonho é a morte da irrealidade: ser gente máquina (cheiro de centro empresarial) é a verdadeira surrealidade.

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